Impossível falar de Poesia em Língua Portuguesa e não lembrar de um dos maiores representantes desse gênero. Fernando Pessoa é chamado por muitos de “heteropoeta” pois, ao longo de toda sua produção literária, criou vários autores heterônimos, com características literárias distintas e percebíveis; os mais conhecidos são Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.
E por que será que ele se dividiu em tantos?
Fernando Pessoa procurou reproduzir em sua literatura algumas questões que o perseguiram durante a sua vida, como por exemplo, o desdobramento do “eu” e a multiplicação de identidades. Ao construir heterônimos tão diferentes e de altíssimo nível literário, ele só prova o quanto é genial; é tanto talento que não cabe em uma pessoa só.
É o próprio Pessoa que assina um dos poemas mais conhecidos em todo o mundo:
Se te queres matar
Se te queres matar, porque não te queres matar?Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida,
Se ousasse matar-me, também me mataria...
Ah, se ousares, ousa!
De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas
A que chamamos o mundo?
A cinematografia das horas representadas
Por actores de convenções e poses determinadas,
O circo polícromo do nosso dinamismo sem fim?
De que te serve o teu mundo interior que desconheces?
Talvez, matando-te, o conheças finalmente...
Talvez, acabando, comeces...
E de qualquer forma, se te cansa seres,
Ah, cansa-te nobremente,
E não cantes, como eu, a vida por bebedeira,
Não saúdes como eu a morte em literatura!
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